quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Voando em Pensamentos

Me peguei pensando e logo corri pra pegar uma caneta emprestada com a recepcionista do Derby Park (Edifício que estou agora esperando uma consulta).
Não sei se você sabe, mas pra mim uma folha vazia é um convite irrecusável de escrever meus pensamentos que voam alto. E eis aqui, uma folha de exame quase em branco, a caneta da recepcionista e a minha enorme vontade de escrever!
Falando em voar, eu estava olhando o meu pulso direito imaginando como fazer uma tatuagem para homenagear meu João e minha Maria (meus pais). É tão incrível a minha sintonia com a emoção que simplesmente começou a tocar agora no player do meu celular A MINHA HISTÓRIA - CANTADA POR CHICO BUARQUE.
Pronto, acabei de decolar em minhas lembranças para um tempo que não volta mais...
Quando eu nasci dia 11de maio de 1979, minha mãe disse que eu era tão branca que minhas veias se sobressaltavam no tom da minha pele quase transparente. Cada passo que eu dava, casa palavra que eu aprendia, cada gesto novo me levava ao mundo das artes.
Aos 2 anos mamadeiras, escova, lápis, copo já eram meu microfone, e foi só esticar um pouco mais as penas longas que descobri o meu palco - a mesa da sala, o sofá, a cama gigante da minha mãe, as cadeiras, baldes...- já fazia parte do meu RISO a música e do meu choro o canto.
Fui crescendo aproveitando cada minuto da minha Areia Branca porque sempre soube que na verdade o mundo era o lugar que eu queria morar. Não esqueço do sabor da comida da minha mãe nem da comida das minhas tias, não esqueço cada fase de crescimento junto aos meus amigos, o corpo se transformando, a voz mudando, o rosto ficando maduro, os desejos, dos sonhos, não esqueço dessa origem nunca, da felicidade de ter tido uma mãe maravilhosa, de ter construído meu primeiro castelo de areia nessa terrinha.
O tempo passou e eu passei por tantos lugares até chegar em Recife. Daí eu cresci mais e mais, muito mais amigos, desejos, muitos outros sonhos...
Posso dizer tranquilamente que em Recife eu me FIRMEI como mulher, aprendi a ser dona dos meus ais, e fiz dessa cidade mais um cais para não esquecer nunca mais.
Como foi importante na minha vida morar 5 anos na Veneza Brasileira!
Enriqueci - culturalmente falando- o que eu não enriqueceria em lugar nenhum. Que lindos os rios cortando a cidade, os poetas, os artistas, o frevo nos tomando a alma, o sotaque e tudo que em PERNAMBUCO existe!
Posso assegurar que ganhei mais um lugar que sonho em voltar, e eu voltarei Recife, como voltarei para Areia Branca, porque o mundo é minha casa, mas Areia Branca é meu quarto e Recife é minha sala.
Sigo com o coração partido, mas ao mesmo tempo cheio de alegrias!!
E eu, sorriu a cantar, eu SOU RIO a cantar!
Jamais deixei minha alma vazia, ela está sempre faminta de amor e saciada de mim, é por isso que sou quem eu sou!

Obrigada a todos que fazem parte de mim, por cada oração, cada carinho, por construir em mim a grande vontade de ser melhor!
Hoje com o coração ainda mais cheio de amor, agradeço!
Beijos e o desejo que a Quarta-feira de vcs seja de primeira!

Minha História
Chico Buarque
Composição: Lúcio Dalla / Paola Pallottino
Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá, laiá, laiá
Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá, laiá

Um comentário:

Anônimo disse...

eita, branquela.Tanto que ja me emocionei, com suas interpretaçôes perfeitas.Agora tu m/ faz chorar! QUE POSTAGEM LINDA!!ESSA É A JAINA QUE APRENDI A RESPEITAR N/ SÓ COMO CANTORA ABSURDA. MAIS UM SER HUMANO LINDO! SIMPLES, VERDADEIRO . MUDA NUNCA NÃO?? BJS