quarta-feira, 5 de maio de 2010

Uma espera sem ESPERA

Passar cada minuto aqui no HOSPITAL DAS CLÍNICAS está sendo difícil. Não pelo tempo de espera, não pelo forte calor, não pelo vento que teima em não entrar pelas frestas estreitas que enfeitam esse largo e comprido corredor, mas sim pelos graus de deformidades que passam pelos meus olhos marcados da insônia sofrida na madrugada não dormida.
Falta equilíbrio nas pernas descompassadas dos que passam e na grande falta de respeito dos governantes desse País.
O que chama mais atenção?
Um cadeirante em uma cadeira de rodas premiado com as pernas sem movimento ou um homem sendo arrastado pelo chão com as nádegas pra cima?
Nenhuma das opções, não é isso que chama atenção aqui, o que chama mesmo atenção desses olhos famintos é um notebook debruçado nas pernas de uma mulher bem vestida, óculos na cabeça, ela digita e enxuga o suor que insiste em acariciar seu rosto e nem nota o quanto esta sendo notada.
Tem aqui uma porta amarela, essa porta me lembra a porta da esperança, há pelo menos umas cinqüenta pessoas aglomeradas, esperando que essa porta se abra e seu nome seja chamado.
E eu? Eu aqui em pé, sentada, em pé, sentada, em pé, sentada... Tentando fazer dessa espera um conto para não me sentir tão desagradável e traumatizada por passar por cima de tanta espera.

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